Miguel Arraes, o homem que jamais se rendeu... |
Miguel Arraes de Alencar hoje é elevado aos altares da história política do Brasil. Mas nem sempre foi assim. E não nos referimos apenas aos anos de trevas da ditadura militar que se aboletou no poder por mais de duas décadas e fez este homem apear do posto que o mandato popular o havia concedido. Mesmo depois, Dr. Arraes foi muitas vezes estigmatizado. Na volta do exílio, já não mais servia para conduzir as fileiras da oposição, a tarefa deveria ser executada por lideranças mais jovens, como Marcos Freire ou Jarbas Vasconcelos, que não precisaram se afastar da cena local. Arraes deveria se limitar ao papel de um conselheiro. Já quase septuagenário, Dr. Arraes lutou muito para voltar a ocupar seu lugar de timoneiro das forças progressistas de nosso estado. Lembro, menino, de como o tratava a imprensa pernambucana, a mesma que hoje endeusa seu neto Eduardo.
Numa época em que moderno era abrir o país aos produtos importados, sem nenhuma preocupação com a indústria brasileira, seu discurso nacionalista era classificado como antiquado. Se as privatizações estavam na ordem do dia e o estado mínimo neoliberal impunha suas teses com toda a força da mídia e dos donos do capital, patriotas como Dr. Arraes, sempre a defender o papel de fomento do estado às atividades econômicas estratégicas, eram tidos e havidos como obsoletos. Suas idéias nacional-desenvolvimentistas, sua imensa formação teórica no campo das ciências sociais, sua práticas revolucionariamente populares de construção coletiva de um projeto político transformador na forma e no conteúdo... Tudo isso era entulho, em fins da década de 80 e por quase toda década seguinte de 1990.
O que dizer então do "chapéu de palha", do "vaca na corda"? Programas assistencialistas, respondiam os conservadores, da exata maneira que se referem ao "bolsa família", nos dias de hoje.
E a aplicação de métodos freirianos na alfabetização dos menos favorecidos, utilizando elementos de sua realidade concreta de exploração como instrumento de aproximaçaõ da proposta pedagógica? Ideologização absurda das práticas educativas, diziam aqueles que hoje torcem o nariz para tudo quanto é de cartilha que o governo Lula/Dilma vem a produzir...
E viver andando pelo interior, falando com os pobres, os marginalizados, aprendendo com o povo e o levantando para a certeza de que é possível um mundo diferente? Populismo de esquerda barato, atacariam os que não deixam a comodidade das planilhas e o conforto do ar-condicionado dos gabinetes encarpetados por nada do mundo...
É, há mais em comum entre os matutos do Crato e de Caetés do que a primeira letra das secas cidades que os viram nascer. Arraes e Lula foram um dia como que pequeninos olhos d'água brotando em meio aos duros lajedos do sertão, que ninguém sabe como aparecem, correm estreitos por caminhos tortuosos e improváveis e de quando em vez se avolumam em caudalosos rios destinados a agitar em ondas sem fim torrentes de multidões mar afora.
E a aplicação de métodos freirianos na alfabetização dos menos favorecidos, utilizando elementos de sua realidade concreta de exploração como instrumento de aproximaçaõ da proposta pedagógica? Ideologização absurda das práticas educativas, diziam aqueles que hoje torcem o nariz para tudo quanto é de cartilha que o governo Lula/Dilma vem a produzir...
E viver andando pelo interior, falando com os pobres, os marginalizados, aprendendo com o povo e o levantando para a certeza de que é possível um mundo diferente? Populismo de esquerda barato, atacariam os que não deixam a comodidade das planilhas e o conforto do ar-condicionado dos gabinetes encarpetados por nada do mundo...
É, há mais em comum entre os matutos do Crato e de Caetés do que a primeira letra das secas cidades que os viram nascer. Arraes e Lula foram um dia como que pequeninos olhos d'água brotando em meio aos duros lajedos do sertão, que ninguém sabe como aparecem, correm estreitos por caminhos tortuosos e improváveis e de quando em vez se avolumam em caudalosos rios destinados a agitar em ondas sem fim torrentes de multidões mar afora.
P.S.: Já que falamos de mares, voltemos a Fernando de Noronha. O adágio popular "é Deus no céu e fulano na terra" é constantemente empregado com exagero dos maiores. No caso de Noronha, no entanto, nós pernambucanos temos mesmo que agradecer a Deus por ter criado o arquipélago para a humanidade. E a Dr. Arraes por ter o anexado a Pernambuco, nossa nova Roma de bravos guerreiros.
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