A grande lição do povo nas ruas, ontem, hoje e sempre... |
sábado, 20 de agosto de 2011
Fazer política, fazendo diferença
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Zeferino, as sombas do tempo e a culpa dos fados
O grande Zeferino Galvão |
Muito se fala em resgatar a história de Pesqueira, seu esplendor do passado. Muito se fala, pouco se faz. De fato, há coisas para as quais não encontro explicações razoáveis. Senão Vejamos. Pesqueira viu crescer um vulto literário da envergadura intelectual de um Zeferino Cândido Galvão Filho (1864-1924), segundo ocupante da cadeira número 1 da Academia Pernambucana de Letras, proprietário, diretor e redator-chefe da Gazeta de Pesqueira, onde servia também até como gráfico, pai do também jornalista Anísio Galvão (patrono da nossa Câmara de Vereança) e autor de volumosa obra, onde se destacam desde livros de poesia e romances históricos, até estudos políticos, filosóficos, sociológicos e teológicos.
Pois bem, esta obra encontra-se esgotada, fora dos catálogos, quando não inédita, mais de século depois. Os alunos do ensino médio de nossa cidade, assim como os seus mestres, não têm acesso, portanto, a maior herança deste nosso gigante do passado. Não demonstramos o zelo devido pelo que nos deixou Zeferino Galvão e o poder público municipal, a quem caberia a primeira das providências, nenhuma iniciativa sequer ensaia a fim de publicar sua obra.
Além de intelectual - na mais justa expressão do termo - o historiador Luiz Wilson destaca as excepcionais qualidades morais de Zeferino Galvão. Abolicionista convicto, Zeferino recebeu quatro escravos como dote de casamento, o que representava, à época, uma soma bastante razoável. Mesmo sendo “pobre de Jó”, alforriou aos quatro no mesmo dia (Ararobá, lendária e eterna, Luiz Wilson, 1979, pág.231).
Tanto amava nossa cidade que, tendo nascido na Fazenda Olho d’água, na época divisa de Pesqueira e São Bento do Una (atualmente pertencente a Belo Jardim), jamais esquecera do primeiro dia no qual chegara a cidade que já abrigava familiares seus e o adotaria por toda a vida: “Recordo-me perfeitamente do dia que aqui cheguei (em Pesqueira); contava seis anos de idade, e foi em maio de 1870, numa quarta-feira, já ao cair da tarde. Desconhecia completamente o que fosse um mercado, e tão atoleimado era, não só pela diminuta idade, como também pela educação campestre que, ao percorrer a feira, não obstante ser conduzido por meu pai, senti que a cabeça andava à roda, e que tudo me parecia fantástico! Instalaram-me definitivamente nesta querida cidade, que terá meus ossos, se os Fados, conforme diria um romano, não determinarem o contrário.”
Os restos mortais do grande escritor pesqueirista ainda jazem no Cemitério de Santo Amaro, no Recife e não me consta que político algum tenha proposto o “repatriamento” e a justa homenagem póstuma desta cidade à suas exéquias. Data vênia, os fados para isto não concorreram com culpa alguma.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Dentistas, Agricultores, Professores, Agentes de Saúde, o que nos guarda o futuro?
Uma das raras fotos recentes da nossa prefeitura sem protesto de grevistas em suas portas |
Os trabalhadores de Pesqueira definitivamente não parecem satisfeitos com a atual administração municipal, sobretudo os servidores públicos que compõem nossa prefeitura. Digo compõem, porque, de fato, um prefeitura não é composta apenas pelo seu titular (o prefeito), pelo seu adjunto (o vice-prefeito) e seu corpo de assessoramento de confiança (secretários, diretores, chefes de setores, departamentos ou divisões, assessores técnicos e políticos de diversas áreas). Estes, via de regra, estão sempre satisfeitos com o superior do qual dependem . No entanto, podem estar hoje nos seus cargos e não estarem mais na manhã seguinte. Só depende do povo.
Uma prefeitura é, sobretudo, composta por seus servidores, tanto aqueles que são efetivos de direito, quanto os que se tornam efetivos de fato, doando anos preciosos de suas vidas ao ato de servir com eficiência.
E Pesqueira tem muitos servidores assim, que acordam cedo, trabalham até tarde, completam suas jornadas de expediente, trabalhando até mesmo quando estão em casa, com o planejamento de aulas ou o roteiro de visitas domiciliares que irão realizar.
São as professoras que amam o dom de seu magistério ensinando as novas gerações, os dentistas que zelam pela saúde e a higiene bucal de quem às vezes não pode sequer comprar uma pasta de dentes ou uma escova adequada, são os agentes de saúde e de endemias que peregrinam cada palmo desta nossa cidade para prevenir doenças numa população que já não pode ir ao hospital por que sabe que dificilmente cruzará com um médico formado por lá.
Pois bem, nenhuma destas categorias está recebendo o tratamento adequado por parte da prefeitura. Todas estão se vendo às voltas com greves e protestos. A prefeitura se recusa a tratá-los com o respeito merecido, não paga os seus pisos salariais quando estabelecidos por leis federais e não fornece as condições adequadas para que seu trabalho de servir ao povo seja satisfatório para todos.
Isto para não falar dos agricultores que lavram a terra, produzem seus frutos e sofrem nas estradas esburacadas de nosso município até conseguir colocá-los em nossas mesas.
Os servidores querem trabalhar com condições adequadas para oferecer com entusiasmo o melhor de si para a comunidade, para o povo de nossa cidade. Não estão pedindo nada além de seus direitos para servir ao povo. Merecem mais do que respeito ou apenas a valorização. Merecem ser contemplados como o centro da administração dos interesses públicos que em verdade o são.
No dia em que os gestores da prefeitura de Pesqueira entenderem que seu sucesso ou fracasso depende de seus servidores e do quanto eles estão estimulados para servir, nossa cidade viverá dias nos quais protestos não serão mais necessários e a população gozará, junto com os servidores, a plenitude de sua cidadania.
Outra marca de Dr. Arraes
Miguel Arraes, o homem que jamais se rendeu... |
Miguel Arraes de Alencar hoje é elevado aos altares da história política do Brasil. Mas nem sempre foi assim. E não nos referimos apenas aos anos de trevas da ditadura militar que se aboletou no poder por mais de duas décadas e fez este homem apear do posto que o mandato popular o havia concedido. Mesmo depois, Dr. Arraes foi muitas vezes estigmatizado. Na volta do exílio, já não mais servia para conduzir as fileiras da oposição, a tarefa deveria ser executada por lideranças mais jovens, como Marcos Freire ou Jarbas Vasconcelos, que não precisaram se afastar da cena local. Arraes deveria se limitar ao papel de um conselheiro. Já quase septuagenário, Dr. Arraes lutou muito para voltar a ocupar seu lugar de timoneiro das forças progressistas de nosso estado. Lembro, menino, de como o tratava a imprensa pernambucana, a mesma que hoje endeusa seu neto Eduardo.
Numa época em que moderno era abrir o país aos produtos importados, sem nenhuma preocupação com a indústria brasileira, seu discurso nacionalista era classificado como antiquado. Se as privatizações estavam na ordem do dia e o estado mínimo neoliberal impunha suas teses com toda a força da mídia e dos donos do capital, patriotas como Dr. Arraes, sempre a defender o papel de fomento do estado às atividades econômicas estratégicas, eram tidos e havidos como obsoletos. Suas idéias nacional-desenvolvimentistas, sua imensa formação teórica no campo das ciências sociais, sua práticas revolucionariamente populares de construção coletiva de um projeto político transformador na forma e no conteúdo... Tudo isso era entulho, em fins da década de 80 e por quase toda década seguinte de 1990.
O que dizer então do "chapéu de palha", do "vaca na corda"? Programas assistencialistas, respondiam os conservadores, da exata maneira que se referem ao "bolsa família", nos dias de hoje.
E a aplicação de métodos freirianos na alfabetização dos menos favorecidos, utilizando elementos de sua realidade concreta de exploração como instrumento de aproximaçaõ da proposta pedagógica? Ideologização absurda das práticas educativas, diziam aqueles que hoje torcem o nariz para tudo quanto é de cartilha que o governo Lula/Dilma vem a produzir...
E viver andando pelo interior, falando com os pobres, os marginalizados, aprendendo com o povo e o levantando para a certeza de que é possível um mundo diferente? Populismo de esquerda barato, atacariam os que não deixam a comodidade das planilhas e o conforto do ar-condicionado dos gabinetes encarpetados por nada do mundo...
É, há mais em comum entre os matutos do Crato e de Caetés do que a primeira letra das secas cidades que os viram nascer. Arraes e Lula foram um dia como que pequeninos olhos d'água brotando em meio aos duros lajedos do sertão, que ninguém sabe como aparecem, correm estreitos por caminhos tortuosos e improváveis e de quando em vez se avolumam em caudalosos rios destinados a agitar em ondas sem fim torrentes de multidões mar afora.
E a aplicação de métodos freirianos na alfabetização dos menos favorecidos, utilizando elementos de sua realidade concreta de exploração como instrumento de aproximaçaõ da proposta pedagógica? Ideologização absurda das práticas educativas, diziam aqueles que hoje torcem o nariz para tudo quanto é de cartilha que o governo Lula/Dilma vem a produzir...
E viver andando pelo interior, falando com os pobres, os marginalizados, aprendendo com o povo e o levantando para a certeza de que é possível um mundo diferente? Populismo de esquerda barato, atacariam os que não deixam a comodidade das planilhas e o conforto do ar-condicionado dos gabinetes encarpetados por nada do mundo...
É, há mais em comum entre os matutos do Crato e de Caetés do que a primeira letra das secas cidades que os viram nascer. Arraes e Lula foram um dia como que pequeninos olhos d'água brotando em meio aos duros lajedos do sertão, que ninguém sabe como aparecem, correm estreitos por caminhos tortuosos e improváveis e de quando em vez se avolumam em caudalosos rios destinados a agitar em ondas sem fim torrentes de multidões mar afora.
P.S.: Já que falamos de mares, voltemos a Fernando de Noronha. O adágio popular "é Deus no céu e fulano na terra" é constantemente empregado com exagero dos maiores. No caso de Noronha, no entanto, nós pernambucanos temos mesmo que agradecer a Deus por ter criado o arquipélago para a humanidade. E a Dr. Arraes por ter o anexado a Pernambuco, nossa nova Roma de bravos guerreiros.
Casamento inesquecível
Os noivos Bruno e Clarissa contemplando a maravilha da vida |
Depois de falar de Noronha, desejei partilhar, o momento iluminado do qual participei naquele arquipélago recentemente. Foi o casamento de Clarissa Campos Góes Coelho e Bruno Fontes de Andrade Lima, respectivamente apresentadora e repórter da 1ª edição do NE TV, da Rede Globo Nordeste.
A beleza da simplicidade |
Prima de minha noiva Érica, Clarissa nos convidou para sermos padrinhos. A cerimônia se deu no alto do morro em que desponta a pequenina capela de São Pedro dos Pescadores, de onde se pode vislumbrar os dois lados da ilha principal, já pertinho da sela gineta, com vista tanto para o mar-de-dentro, quanto para o mar-de-fora. O horário foi o do pôr do sol e os quarenta ou cinqüenta convidados, todos muito emocionados com a singularidade daquele momento - não se importaram de ficar de pé, diante da beleza do “templo” escolhido. Acho que nem os afrescos do teto da capela sistina podem se comparar à beleza do firmamento num fim de tarde como aqueles em Noronha, ainda mais quando dois jovens - de tanto amar - se unem diante da igreja dos céus e dos mares e dos homens...
Eu e Érica em momento inesquecível |
Eu e Érica com os jornalistas Francisco José e Beatriz Castro, também padrinhos da noiva |
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
O Azul de Noronha
Vista da Baía do Sancho, uma das mais belas praias do mundo |
Sempre foi o azul a minha cor de predileção. Em criança, coloria meu êxtase diante da amplidão dos céus ou da água. Aliás, sempre cri que a própria substância essencial dos sonhos devia ser ela mesma azul. Foram essas digressões que me alcançaram a mente quando finalmente vi Noronha.
Célebres morros dois Irmãos |
Fotografar a festa dos golfinhos diante dos barcos é uma dádiva... |
Conheço muito bem as nossas praias por todo o Nordeste, meu pai nos passou seu alumbramento de pesqueirense diante da imensidão do mar oceano e não admitia férias em janeiro, sem passear aleatoreamente pelas praias mais belas que encontrássemos entre o Ceará e a Bahia. O litoral nordestino é como que um rico manto ornado de tons brilhantes que seguem do azul claríssimo ao verde profundo, a cobrir as costas da terra mais linda que o Deus criou. Sobre este manto, no entanto, achou o criador de acrescentar uma coroa. Nunca vi azul mais belo quanto o do sonho que coroa Fernando de Noronha.
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